Seguindo a mesma linha da nota publicada pela CNBB no dia 21/07/2025 contra o PL 2159/2021, Projeto de Lei da Devastação, nós, das pastorais socioambientais da Arquidiocese de Santarém,
bem como dos movimentos sociais e ambientais da sociedade civil organizada nos sete municípios que compõem a Arquidiocese (Almeirim, Aveiro, Belterra, Mojuí dos Campos, Monte Alegre, Prainha e Santarém), também nos indignamos diante dessa tragédia ecológica anunciada.
Fazemos ecoar o grito da terra, dos povos das águas e das florestas, e dos seus territórios na Amazônia brasileira. Em respeito aos povos ancestrais e às gerações presentes e futuras, clamamos por justiça e dignidade. Dizemos NÃO ao PL 2159 da Devastação. Queremos expressar nosso repúdio aos deputados que votaram a favor dessa tragédia ecológica anunciada. Infelizmente, representando um Congresso Nacional que se coloca como inimigo da Amazônia, do Brasil, de seus povos e da natureza.
O que os políticos do Congresso Nacional acabam de fazer é proteger o assassinato das florestas, dos rios, do subsolo, das cidades e, em conjunto, o assassinato do ecossistema planetário. Isso porque o PL 2159 da Devastação pretende escancarar as portas para o extrativismo predatório, que busca, a todo custo, utilizar a natureza como mero objeto de lucro, sem se preocupar com o fato de que necessitamos do equilíbrio ambiental e existencial das espécies fornecido por ela. Sem isso, sofrem os rios e as florestas, mas sofremos também nós, seres humanos, e todo o planeta entra em crise socioambiental. Mais grave ainda é que 60 deputados dos nove Estados da Amazônia votaram o PL da Devastação.
No caso mais próximo de nós, está ameaçado o território Tapajós. Isso porque, mesmo antes do PL 2159, a região já sofria com a invasão do agronegócio, que destrói a floresta e espalha venenos agrícolas pelo Oeste do Pará. Os garimpos também já vinham envenenando o rio Tapajós com mercúrio e lama. Com a expansão do agronegócio no Mato Grosso, a abertura da rodovia BR-163, o porto da Cargill em Santarém e os portos graneleiros em Miritituba, as tragédias ambientais só aumentaram em nossa região.
Agora, com a chamada "lei da devastação", pretende-se dar estabilidade jurídica ao porto da Cargill em Santarém, com todas as suas consequências locais e regionais. Além disso, com os 22 portos em Miritituba, especialmente os sete grandes portos de transbordo para os comboios de balsas, o próprio governo federal, por meio do DNIT, já tentava autorizar a dragagem do rio Tapajós para facilitar a navegação, sem qualquer preocupação com os direitos do rio, dos povos e comunidades ribeirinhas tradicionais, com seus pescadores e pescadoras.
Para completar os interesses do agronegócio e da mineração, o governo federal ainda tenta levar adiante o projeto da Ferrogrão, que viola a floresta, inclusive dentro do Parque Nacional do Jamanxim. Esse projeto nefasto ameaça a fauna e a flora, os rios, as terras indígenas, os povos do Médio e Baixo Tapajós, e poderá ser acelerado caso o PL da Devastação não seja vetado pelo Presidente da República ou barrado pelo Supremo Tribunal Federal.
Nós, cristãs e cristãos, bem como integrantes de movimentos sociais, queremos sustentar o clamor: "Veta, Presidente!". Vamos resistir até o fim diante desse grande crime cometido por políticos nacionais. Também queremos tornar públicos os nomes dos deputados e senadores do Pará que votaram contra o povo e contra o meio ambiente. Todas e todos devemos nos manifestar, principalmente nas redes sociais, exigindo o veto à lei aprovada. Que o Presidente Lula se coloque ao lado da vida, da justiça e da dignidade dos povos da Amazônia, para o bem de todo o povo brasileiro e do planeta.
Este manifesto conta também com o apoio dos movimentos indígenas do Tapajós, que historicamente resistem à destruição de seus territórios e reafirmam o direito à vida, à terra e à autodeterminação.
Santarém, 29 de julho de 2025.
Assinam:
Pastoral Socioambiental da Arquidiocese de Santarém
Associação de Defesa dos Direitos Humanos e Meio Ambiente na Amazônia – ADHMA
Comissão VERBITA JUPIC – Justiça, Paz e Integridade da Criação
VIVAT INTERNACIONAL
Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Santarém – CJP
Missionários do Verbo Divino na Amazônia – BRA
Rede de Notícias da Amazônia – RNA
Floresta Modelo Amazonas Tapajós – Flomat
PCBR
Pastoral da Criança
Cáritas da Arquidiocese de Santarém
Pastoral Socioambiental da Paróquia Nossa Senhora da Saúde, Eixo Forte
Guardiões do Bem Viver
Central Única dos Trabalhadores PA
Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais – MPP
Movimento Tapajós Vivo
Coletivo de Mulheres Indígenas As Karuana
Associação Kuximawara de Mulheres Indígenas de Alter do Chão
Custódia São Benedito da Amazônia – Franciscanos
Missionários do CIMI – Equipe Santarém
Conselho Indígena Tapajós Arapiuns – CITA
Sociedade para a Pesquisa e Proteção do Meio Ambiente – SAPOPEMA
Coletivo Maparajuba
CRB Núcleo Santarém
Coletivo Muvuca
Sindicato dos Educadores da UFOPA – Sindufopa
Sindicato de Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares de Santarém
Oficina de Justiça, Paz e Integridade da Criação (JPIC – OFM) Custódia São Benedito da Amazônia
Diretório Acadêmico Indígena da UFOPA - DAIN
Associação das Mulheres Munduruku Wakoborun
Associação dos Educadores Munduruku Arikico
Associação dos Produtores e Produtoras do Coletivo Munduruku Poy
Associação Da’uk
Movimento Munduruku Ipereg Ayu
Sindicato dos Bancários do Pará
Grupo Mãe Terra
Conselho Indígena Tupinambá do Baixo Tapajós Amazônia – CITUPI
Federação das Associações de Moradores e Organizações Comunitárias de Santarém – FAMCOS
Fonte: arquidiocesedesantarem.org.br
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