Evento exibiu sete filmes produzidos por jovens cineastas indígenas da Formação Audiovisual Indígena (FAI 2025) e reforçou a potência do cinema como ferramenta de resistência e ancestralidade.
A noite da última sexta-feira (13) foi marcada por emoção e resistência no Barracão do Sairé, em Alter do Chão, oeste do Pará. A Mostra ABYRÁ – Cinema Indígena Amazônico reuniu dezenas de pessoas para prestigiar sete curtas-metragens produzidos por alunos da Formação Audiovisual Indígena (FAI 2025), encerrando oficialmente o ciclo de formação de jovens cineastas indígenas.
Com entrada gratuita, o evento apresentou produções que abordam temas essenciais para os povos originários e para o futuro da Amazônia, como meio ambiente, oralidade, acessibilidade, cultura ancestral, retomadas de território e racismo ambiental. Moradores locais, turistas, lideranças indígenas e profissionais do audiovisual compuseram o público, que acompanhou cada exibição com atenção e emoção.
Entre os curtas exibidos, o público acompanhou com atenção as sete produções realizadas pelos alunos da FAI 2025: Leilão da Ponta do Cururu, Juá Fora do Mapa Acessível, Raízes de Resistência – Lei 10.820: A Queda do Silêncio, Ecos do PAE Lago Grande, Pajelança: Vida e Sabedoria do Pajé Nato Tupinambá, Caraipé: Um Grito Silenciado e Racismo Ambiental: Lixão do Perema. A mostra foi o ponto alto da Formação Audiovisual Indígena (FAI 2025), que capacitou 23 alunos indígenas de 11 etnias da região do Baixo Tapajós.
Segundo Gabriel Rêgo Licata, diretor executivo da Pira Produções, co-produtora do FAI, a formação teve uma abordagem completa, desde a criação de roteiros até a pós-produção, com foco em comunicação, acessibilidade e empreendedorismo.“A FAI é, provavelmente, uma das formações mais completas do oeste do Pará. Passamos por todas as etapas do audiovisual e conseguimos formar sete produtoras indígenas, cada uma responsável por um curta apresentado na Mostra. Os alunos saem com um portfólio e já aptos a atuar no mercado”, explicou Gabriel.
Ele destacou ainda que as temáticas abordadas nos curtas dialogam diretamente com a realidade amazônica, incluindo questões afro-indígenas, territoriais, identitárias e climáticas. “Nosso objetivo foi formar quem está na linha de frente das narrativas da Amazônia”, completou.
Sabrina Borari, diretora do curta “Ecos do PAE Lago Grande”, relatou a transformação pessoal proporcionada pela formação. “A importância do FAI pra mim foi enorme. Eu não tinha contato com o audiovisual, achava que era só uma câmera, um ‘rec’. Mas abriu uma nova janela dentro de mim. Como jovem indígena e mulher, nunca imaginei que poderia usar o audiovisual na minha luta e resistência”, afirmou.
A Formação Audiovisual Indígena (FAI 2025) foi realizada com apoio do Edital de Formação em Audiovisual, financiado pela Lei Paulo Gustavo, e contou com uma carga horária de 200 horas. Além de oferecer capacitação técnica, o projeto resultou na criação de sete produtoras audiovisuais indígenas e fortaleceu a inserção desses novos realizadores no circuito cultural e cinematográfico, com potencial para que os curtas circulem em mostras e festivais dentro e fora do país.
A Mostra ABYRÁ atua na consolidação do protagonismo indígena no cenário audiovisual amazônico e mostra de forma prática que uma nova geração de cineastas indígenas está pronta para ocupar espaços, narrar suas próprias histórias e transformar as representações sobre a Amazônia.
Edição: Gerlan Silva – Jornalista
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